CAMPONESES - os imigrantes europeus e a agricultura no núcleo

Visconde de Mauá, 1909  ©GBastosAN /Memórias da Vila [pesquisa de Alexandre Mendes da Rocha (1)]

"Esta fotografia de 1909 é bastante expressiva e nos diz mais coisas que possa parecer à primeira vista. Mais que apenas oito pessoas, estamos diante de uma família de imigrantes europeus. Todos, com exceção da menina menor que segura uma boneca, empunham a pá, a enxada e o ancinho demonstrando o trabalhos nos núcleos coloniais. A família dos colonos trabalha por inteiro "na roça", desde o pai e a mãe, até os filhos menores." (1)

Retratos de imigrantes europeus com ferramentas que demonstram a sua ocupação nos trabalho agrícola.
Visconde de Mauá, 1909 e 1910 ©GBastosAN /Memórias da Vila [pesquisa de Alexandre Mendes da Rocha (1)]

"A perspectiva de trabalhar a terra e dela retirar o seu sustento era a grande pretensão destes estrangeiros quando vieram morar em Visconde de Mauá.
Mas quais foram as condições encontradas por estes colonos para realizarem seus desejos? 
Como se deu o trabalho nesta colônia?
O trabalho no "Núcleo Mauá" correspondia à regra dos demais núcleos coloniais, sendo predominantemente de caráter familiar, semelhante em muitos aspectos ao dos camponeses europeus. O imigrante ganhando o título provisório ou comprando o título definitivo da terra, mantinha consigo seus instrumentos, com perspectiva de trabalhar na pequena produção de alimentos. Eventualmente, ele poderia tornar-se um assalariado do Estado, prestando trabalho na construção de caminhos vicinais e melhoramentos em geral da colônia, mas era da produção agrícola que pretendia viver.
...Nas fotografias observa-se que os seus instrumentos eram os mais rústicos possíveis. Além das tradicionais enxadas, pás, ancinhos e picaretas, o grande avanço técnico resumia-se aos convencionais arados e grades detração animal (principalmente de cavalos, mas também de bois).
As pressões desfavoráveis a este tipo de trabalho, geraram, com o tempo, um processo de empobrecimento dos colonos e de suas famílias como um todo.
Daí, eles partiram para outros locais ou rebelaram-se contra aqueles que respondiam pela organização dos núcleos." (1)

AGRICULTORES?! 

 O fato de que alguns colonos imigrantes em Visconde de Mauá não eram agricultores, estaria em desacordo com as leis da imigração e os subsídios por parte do governo brasileiro - "das passagens dos imigrantes, suas estadas, transporte até o núcleo, instalação provisória, sustento dos primeiros seis meses e um ano de localização, distribuição de instrumentos e sementes, demarcação de lotes, construção e manutenção de estradas".(1)

A imprensa durante o período da colônia questiona com frequência a questão da profissão dos imigrantes europeus. No texto a seguir destacamos alguns trechos do documento da Intendencia de Immigração do Porto do Rio de Janeiro no desembarque dos passageiros do navio Zeelandia em 2 setembro de 1913.
Entretanto é importante observar que havia neste navio um colono que veio para Visconde de Mauá,  os demais passageiros seguiram para outros destinos.

"Sr. Chefe da 3ª Secção_ Passo-vos ás mãos, a presente parte de desembarque de immigrantes subsidiados, vindos com o vapor Zelandia e introduzidos por Sociedade Annonyma Martinelli e Internationale Transport Co.
Cumpre-me solicitar vossas providencias para o fim de serem chamados os introductores de immigrantes ao cumprimento dos ajustes em vigor, cujas condições cada vez mais descaso lhe merecem.
É assim que dos immigrantes introduzidos por Sociedade Annonyma Martinelle, uma grande parte é absolutamente estranha ao trabalho da terra, como ficou verificado pelo exame de seus passaportes. 
...serralheiro, ferreiro, carpinteiro, relojoeiro, açogueiro, pedreiro, fabricante de adubos, alfaiate, mechanico...
Ou, em resumo,... immigrantes, cujas profissões, verificadas pelos respectivos passaportes, escapam ás clausulas do ajuste, que exige para os immigrantes subsidiados a condição de affeitos ao trabalho agrícola."

Imigrantes europeus no Núcleo Colonial Visconde de Mauá.
Visconde de Mauá, 1909 e 1910 ©GBastosAN /Memórias da Vila [pesquisa de Alexandre Mendes da Rocha (1)]

FONTE
(1) ROCHA, Alexandre Mendes da Imigrantes em Resende: Visconde de Mauá: O Núcleo Colonial Visconde de Mauá (1908 - 1916)Rio de Janeiro, FUNARTE Instituto Nacional de Fotografia/PMResende/Sandoz S.A, 1984. Gráfica Gazetilha, Volta Redonda RJ
(2) Lista de passageiros do vapor Zeelandia 03.08.1913. Arquivo Nacional/SIAN

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COLONOS EUROPEUS  do núcleo (1908 - 1916)
Uma relação do imigrantes na ordem cronológica de chegada ao núcleo colonial Visconde de Mauá. 
São colonos que tivemos acesso à documentos, fotografias, publicações e/ou contato com familiares que estão colaborando na construção do quebra-cabeças das memórias deste lugar. SAIBA MAIS
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Citação de FONTE: BERCHT, Domitila/memoriasdavila.blogspot.com
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